quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

Razões para os Seahawks terem crescido até os playoffs

Traduzido a partir de texto de Ira Miller, do NFL.com

Faz duas temporadas que eles foram ao Super Bowl e eles detém a mais longa série atual na NFC de títulos de divisão, com quatro em seguida. Ainda assim, os Seahawks aparecem como o chamado "fator X" nos playoffs da conferência, já que ninguém sabe o que esperar deles.

E porque isso? Bem, em grande medida, pelo fato dos Seahawks terem se refeito apenas dois anos após chegar ao Super Bowl – com Mike Holmgren em sua 16ª temporada como técnico da NFL revisando duas de suas mais firmes crenças como técnico, e com uma boa defesa, algo virtualmente desconhecido no noroeste do pacífico.

Você conhece o tal do azar do perdedor do Super Bowl, aquele em que o time que perde o jogo final tem uma temporada perdedora no ano seguinte? Aparentemente, isto dura mais de uma temporada. Dos últimos seis times que chegaram ao Super Bowl e perderam, apenas os Seahawks vão terminar esta temporada com um recorde positivo de vitórias.

Em outras palavras, os Seahawks conseguiram desenvolver uma constância que vários outros times que chegaram próximo ao topo não foram capazes de conseguir.

Abaixo uma análise de como Seattle, que com um recorde de 10-5 está garantido no terceiro seed da NFC nos playoffs, conseguiu dessa vez:

1. A formação shotgun (N.T.: tipo de formação de ataque em que o quarterback se afasta da linha de scrimmage, recebe um snap mais longo, mas se protege do pass rush adversário)

Quando Holmgren trabalhou com Bill Walsh como técnico de quarterbacks no San Franscisco 49ers na década de 80, a formação de shotgun era carta fora do baralho. Walsh, preocupado que o shotgun pudesse mudar o timing requerido por seu ataque, finalmente se rendeu em uma pré-temporada e mandou Holmgren desenvolver algumas jogadas que usassem o shotgun.

Aquele experimento durou apenas o tempo necessário para o center Fred Quillan realizar um snap em que a bola voou por cima da cabeça de Joe Montana em um jogo de pré-temporada. Walsh disse a Holmgren para esquecer o shotgun, e ele basicamente fez isso – até esse ano, quando os Seahawks começaram a utilizá-lo freqüentemente em jogadas de terceira descida, e está ajudando.

Holmgren disse que Walsh, que morreu no verão passado, está "provavelmente lá cima, balançando sua cabeça em reprovação pra mim agora."

O quarterback Matt Hasselbeck gosta do shotgun, e ainda que não tenha um papel de destaque no ataque dos Seahawks (foi usado apenas três vezes na vitória sobre Baltimore no domingo), Holmgren conseguiu incorporá-lo sem perder o timing preciso entre o QB e os WRs. Na verdade, o ataque montado por Holmgren permanece, uma década e meia após ele ter deixado San Francisco, o mais próximo do que os 49ers costumavam fazer.

2. O jogo de passes

Quando Holmgren deixou os 49ers e se tornou técnico do Green Bay na temporada de 1992, o gerente geral dos Packers, Ron Wolf, disse que um dos motivos para contratar Holmgren era o fato de Mike acreditar em um forte jogo corrido. Porque os 49ers tinham QBs membros do Hall da Fama, o jogo corrido não era muito reconhecido durante suas temporadas vitoriosas, mas era normalmente bom.

Esse ano, entretanto, quando Seattle se encontrava, depois de uma feia derrota de 33-30 na prorrogação em Cleveland, com um recorde de 4-4 no meio da temporada e um jogo corrido ineficiente que figurava como o pior da liga, Holmgren basicamente decidiu tirar as corridas do playbook e voltar o ataque para o braço de Hasselbeck.

Desde então, Seattle venceu seis de sete jogos.

Com um jogo faltando para o fim da temporada regular, Hasselbeck já conseguiu estabelecer o recorde dos Seahawks de passes tentados e completados em uma temporada, está apenas 22 jardas do recorde do time para jardas passadas, e tem o segundo melhor QB rating de sua carreira.

"Nós temos feito poucas jogadas ruins atualmente", afirma Holmgren. "No começo da temporada, quando estávamos tentando correr com a bola um pouco mais, nós tínhamos várias jogadas ruins, ganhos de uma jarda, e então acabávamos demais em situações de terceira descida. Era muito difícil. Tudo era muito difícil."

"Então chegamos ao meio da temporada com um recorde de 4-4, Shaun se machucou, mas conseguimos nosso dois receivers, Hackett e Branch, de volta e tudo coincidiu."

"Bill sempre dizia que mesmo com várias opções, às vezes as coisas simplesmente não funcionam. Então volte atrás e ache algo novo".

O algo novo foi o jogo de passes que Holmgren sempre soube melhor que a corrida, de qualquer forma. E ainda que Hackett esteja fora com a segunda contusão no tornozelo da temporada, Deion Branch, Bobby Engran e Nate Burleson estão saudáveis e ajudando a carregar esse ataque na formação de três WRs.

Dois anos atrás, os Seahawks venceram o título da NFC e chegaram ao Super Bowl com Alexander conseguindo mais de 5 jardas por carry e correndo para 27 touchdowns. Esse ano, ele está conseguindo 3,4 jardas por carry e correu para apenas 3 TDs. E Maurice Morris, que substituiu Alexander durante sua contusão, está sendo não apenas melhor recebedor e bloqueador, mas em alguns momentos também está correndo melhor que Alexander.

"Nós estamos abrindo mais as formações, e tentando jogar de acordo com nossa força atual, que é o quarterback, os recebedores e a proteção ao passe", disse Holmgren. "Nós não estamos bloqueando muito bem para corrida. Matt tem jogado bem, e nós estamos pegando a bola, e sucesso cria sucesso."

3. A defesa

Em último na lista, mas muita mais significativa que as outras razões pelas quais os Seahawks conseguiram salvar sua temporada. Historicamente, o ataque tem deixado a defesa de lado nos sexy times que usam a West Coast Offense (N.T.: estilo de ataque utilizado pelos Seahawks, pretendo escrever sobre ele a semana que vem), mas mesmo nos dias de glória do San Francisco, os times campeões do Super Bowl tinham defesas fortes. Poucas pessoas se lembram disso, mas o início da dinastia dos 49ers começou não a partir do braço de Montana, mas sim de um avanço defensivo; o time de 1981, que ganhou o primeiro título de San Francisco, era ranqueado em segundo lugar entre as defesas na NFL, mas apenas em décimo terceiro no ataque, e conseguiu salvar o jogo com um bloqueio na linha da end zone no Super Bowl.

Durante anos, Seattle tem procurado por uma defesa como essa, mas desde que Cortez Kennedy se aposentou uma década atrás, os Seahawks se acostumaram a estar entre os últimos defensivamente na NFL. Não importava o que os Seahawks tentavam – seja trocando com os Saints por Norman Hand, assinando Grant Winstrom no free agente, draftando jogadores defensivos com os primeiros picks em dois anos seguidos – eles não conseguiam ir muito longe.

Mas isso mudou desde 2005, quando Holmgren deixou a função de gerente geral e Tim Ruskell veio de Atlanta como presidente e gerente do time. No começo da era Holmgren, os Seahawks gastaram a maioria do seu dinheiro adquirindo os jogadores ofensivos necessários para jogar de acordo com seu sistema, mas nos últimos três anos eles conseguiram um trabalho esplêndido de melhorar a defesa.
Oito dos onze titulares defensivos chegaram durante essa época, incluindo os safeties Deon Grant e Brian Russel, contratados como free agents para a temporada de 2007, junto com o defensive end Patrick Kerney, que lidera a NFL com 14,5 sacks.

Jim Mora Jr., que também se juntou ao time esse ano como técnico assistente e coordenador da secundária, conseguiu passar mais entusiasmo à defesa coordenada por John Marshall. Mora orquestrou um do lances cruciais do time, a troca de Marcus Trufant, o melhor cornerback dos Seahawks, do lado direito para o lado esquerdo. Seattle jogava com ele no lado direito para proteger uma antiga lesão no ombro, mas no lado esquerdo ele tem mais impacto, já que freqüentemente cobre o melhor receiver do adversário.

"Ele deve receber muito crédito pela nossa melhora na secundária", diz Holmgren sobre Mora. "Eu acho que ele encontrou uma forma muito boa de se comunicar com os jogadores. Ele é duro com eles, mas ele não grita muito nos treinos. Ele se aproxima deles, e mais rápido do que se possa perceber, eles o escutam."

"Bill sempre dizia que se você critica um jogador, tenha certeza de dar um tapinha no ombro dele antes que ele deixe o campo, e Jim faz isso muito bem."

Trufant, que está empatado em segundo na NFL com sete interceptações, Kerney, o outside linebacker Julian Peterson e o middle linebacker Lofa Tatupu, todos foram escolhidos para o Pro Bowl, igual ao total somado de escolhas defensivas de Seattle para o Pro Bowl nos últimos seis anos. Seattle permitiu apenas oito pontos a mais que New England e Tampa Bay, que permitiram o menor número de pontos da liga.

Para resumir

Seattle irá abrir os playoffs em casa contra Washington, Minnesota ou New Orleans e se vencer, Holmgren levará os Seahawks para Green Bay, onde começou sua carreira como técnico. É uma longa caminhada da rodada do wildcard para Super Bowl, algo que apenas um time conseguiu na história da NFC (Carolina em 2003), e é particularmente longa para os Seahawks, que tem um histórico ruim quando jogam fora de casa.

Mas a melhora na segunda parte da temporada energizou Holmgren, que irá completar 60 anos antes da temporada de 2008. Embora ainda seja questionável que ele vá querer continuar treinando após essa idade, ele parece bem melhor do que estava nas más atuações do começo da temporada.

"Eu acho que o que aconteceu é que somos inconstantes, para dizer o mínimo", afirma Holmgren. "Eu achava que éramos um bom time. Estava trabalhando duro para ir bem... e não estava tendo resultados. Acho que me desgastei um pouco no começo da temporada. Eu estava frustrado. Mas se você continua a trabalhar as coisas eventualmente dão certo, e foi o que aconteceu conosco."

Um comentário:

Unknown disse...

Muito bom texto,assim como os outros,continue assim...

Abraço