quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

Jogadores do practice squad dos Seahawks dividem casa, carro e meta em comum

Traduzido a partir de texto de Danny O`Neil, do Seattle Times

Link: http://seattletimes.nwsource.com/html/seahawks/2004092153_hawk26.html

Os degraus para um sonho parecem difíceis de visualizar.


Apenas uma casa no final da esquina no topo de uma ladeira suburbana. Há cinco quartos, algumas caixas de pizza no balcão da cozinha e uma minivan na garagem. Uma minivan turquesa, mas falaremos mais sobre ela depois.


O al
uguel é renovado mês a mês, uma necessidade já que o emprego não é garantido após essa semana para Logan Payne, Nu'u Tafisi e Steve Vallos. Eles são três dos oito membros do practice squad dos Seahawks. Cada um tem um armário na sede do time e uma função especial no roster, mas quando chega o domingo eles não estão nem no banco de reservas. Eles ganham ingressos para a arquibancada.

O practice squad é o afiador de um time da NFL. Seu trabalho: preparar os titulares para o que eles enfrentarão do próxim
o oponente. Sua meta: se desenvolver como um daqueles caras que jogam aos domingos.

“Putz, cara, era tudo o que eu queria”, diz Tafisi. “Talvez algum dia no futuro.”


Ninguém cresce sonhando fazer parte do practice squad. Esse é um ponto de partida. Os jogadores recebem um mínimo de US$4.700 por semana. É uma oportunidade sem preço de aprender com os caras que ganham milhões e ter a chance de impressionar os executivos da NFL que assinam esses cheques.


“Tem sido a melhor experiência de football da minha carreira”, diz Payne, um WR não draftado vindo de Minnesota.


Payne enfrenta uma dupla de cornerbacks escolhidos no primeiro round do draft todos os dias no treino, Marcus Trufant e Kelly Jennings. Em setembro, Payne teve um papel de superstar, usar a camiseta número 85 antes de Seattle jogar contra Cincinnati. Isto fez dele Ocho Cinco, também conhecido como o WR Chad Johnson. As instruções dos treinadores para Payne incluíram fazer as provocações após as jogadas pelas quais Johnson é conhecido.

“Apenas fale alto no campo”, diz Payne. “Faça a recepção e os deixe saber que eu fiz a recepção.”


Tafisi é um defensive lineman da Califórnia que usava o número 55 a semana passada. Este seria Terrell Suggs, o outside linebacker do Baltimore responsável pelo pass rush.


Cada time na NFL tem 53 lugares no seu roster regular e oito lugares para os jogadores do practice squad. Os jogadores do practice squad ajudam na preparação do time e em troca ganham a chance de se desenvolver em um jogador da NFL.

“Não são apenas corpos”, diz o presidente dos Seahawks, Tim Ruskell. “Quando você realmente tem um bom practice squad de jogadores que são comprometidos e querem melhorar, eles ajudam o nosso pessoal a melhorar. Nós vimos isso esse ano. Este é definitivamente o melhor grupo de practice squad
que eu já vi."

Kyle Williams planejava ir para Las Vegas.

Os Seahawks deixaram Williams ir durante o training camp, e ele desceu para o Arizona. Com nenhum clube o pretendendo na NFL, ele andou por aí procurando oportunidades de emprego como empresário de músicos. Hootie & the Blowfish estavam entre seus clientes. Eles tinham um show em Vegas e Willians planejava ir na terça-feira.


“Os Seahawks me liga
ram no domingo”, ele conta.

Ele foi adicionado ao practice squad em 2 de outubro, e mudou para a casa com Payne, Vallos e Tafisi até que sua mulher e filha mudassem um pouco mais tarde na temporada.


As coisas mudam rapidamente no practice squad. O cornerback Kevin Hobbs encontrou seu caminha no roster ativo. O mesmo aconteceu com o fullback David Kirtman. Vallos, Payne e Tafisi passaram a temporada no practica squad.

Experiência no practice squad não conta para receber pensão da NFL após a aposentadoria. Mas pode ser a rota para uma c
arreira profissional.

O QB Matt Hasselbeck passou sua primeira temporada na NFL no practice squad dos Packers. O mesmo aconteceu com o defensive end do Green Bay Kabeer Gbaja-Biamila, o santo p
atrono de todos os membros de practice squad depois de ter conseguido 13,5 sacks em 2001, sua primeira temporada no roster de 53 jogadores.

Na faculdade, o scout team é o lugar para provar sua capacidade. Um lugar para os jovens mostrarem seu talento com um big hit, ou uma recepção sólida. Na NFL, a última coisa que um técnico quer é algum rookie cabeça-dura tentando provar que é bom ao acertar um veterano. Os Seahawks não treinam com pads essa época do ano, e os jogadores são orientados a fic
ar em pé.

“Nós precisamos encontrar aquela linha tênue entre impressionar os treinadores e não causar que alguém torça um tornozelo, ou algo assim”, diz Williams.


O practice squad é o primeiro passo no football profissional para alguém como Williams, que trocou de posição de tackle na USC para guard com os Seahawks.

Tafisi sofreu uma lesão no joelho em um jogo de estrelas da faculdade, o que acabou com qualquer chance de ser draftado. E é uma forma do WR Jordan Kent ganhar experiência. Ele foi escolhido por Seattle no sexto round do draft este ano depois de jogar dois anos de football na faculdade em Oregon.


Payne teve um dos training camps mais impressionantes de todos os jogadores dos Seahawks, mas a profundidade em term
os de WR acabaram com qualquer chance dele chegar ao roster regular. O practice squad lhe confere tempo e experiência, um verdadeiro laboratório de talentos da franquia.



Carregar alguns linemen de 300 libras foi pedir um pouco demais para aquele Hyundai.

Payne descobriu isso durante o training camp, quando ele estava dirigindo o carro alugado junto com Vallos e Willians, dois tackles que trocaram de posição para guard.


“Nós tínhamos que sair do carro todos ao mesmo tempo para que ele não virasse”, disse Payne.


A solução veio de Joe Newton, o tight end do practice squad. Bem, na verdade da minivan de Newton. Ele a ganhou de seus pais durante a faculdade em Oregon State, quando seu Audi explodiu, e a usou para ir ao training camp.

Newton ganhou um novo carro ao se juntar aos Seahawks. Seus colegas de practice squad ganharam seu velho carro, que chega no máximo a 60 milhas por hora. Esse mês eles penduraram uma guirlanda na grade do capô para celebrar o natal.


Eles estavam em um hotel naquela época, morando algumas milhas longe do training camp e procurando em jornais e listas onlines por um lugar mais permanente para morar.


“Nós estamos todos fazendo o mesmo” diz Payne. “Estamos procurando por um lugar pra viver”.


O pai de Payne trabalha em uma imobiliária, e os ajudou a encontrar uma casa de cinco quartos que acabara de ser reformada. Acabou se tornando a alternativa com o melhor custo-benefício.


Payne comprou uma árvore de natal em Albertson que está no meio da sala. A mobília foi obtida por meio de uma troca. Payne trocou alguns dos seus ingressos para os jogos dos Seahawks por três camas, três cômodas, algumas mesas e uma mesa para a sala. Uma poltrona foi comprada pelo punter Ryan Plackemeier. Então há o centro nervoso da casa: uma TV de tela plana de 60 polegadas comprada de Deion Branch depois que ele percebeu que ela era grande demais para sua casa.

Um X-Box 360 está ligado à televisão, mas essas caras não jogam jogos. Ele jogam um jogo, Halo 3. Payne é impiedoso, Williams chuta o sofá com raiva e Tafisi é reconhecidamente o pior.


Algumas semanas atrás, um amigo de Williams em Carolina os colocou em um jogo contra David Carr, quarterback do Panthers e que foi draftado no primeiro pick do draft. Eles jogam online também. Lofa Tatupu também começou a jogar, assim como Leroy Hill.


Mesmo aqui, no ciberespaço das competições do vídeo game, eles ficam ombro a ombro com os veteranos que ganharam seus lugares no time.


Eles são jogadores que acabaram de sair da faculdade e que estão na porta de entrada de um sonho. Homens com nenhum dever de casa, um pouco de dinheiro, e a esperança de trabalhar e encontrar seu lugar no campo.

O practice squad dos Seahawks é atualmente formado por:
CB Omowale Dada, LB Cameron Jensen, WR Jordan Kent, TE Joe Newton, WR Logan Payne, DE Nu'u Tafisi, G Steve Vallos e G Kyle Williams.

3 comentários:

Unknown disse...

Interessante,nao sabia qe existia isso.

=)

Unknown disse...

Ae Henrique!
Muito legal saber que temos alguém com vontade de jogar pra qualquer emergência!
Mas é triste saber que a maioria desses acabam indo embora e trabalham com outra coisa, normalmente com o diploma do curso que fizeram na faculdade!
Abraços!

Henrique Lisboa disse...

Pois é, apesar do FA ser muito mais organizado que o nosso "soccer", ele peca bastante nesse aspecto: o campo de trabalho para jogadores profissionais é muito limitado, e o cara que não consegue ser draftado ou perde sua vaga em algum time acaba sem emprego... Não tem série C ou clube do interior pra encerrar a carreira, rsrsrs